O vírus Mayaro (gênero Alphavirus, família Togaviridae) é um vírus RNA de cadeia simples que foi isolado pela primeira vez em Trinidad e Tobago em 1954. Esse é um dos vírus que compõem o complexo do vírus da Semliki.
Pensa-se que seu ciclo de transmissão ocorre principalmente por meio de mosquitos vetores, especialmente os do gênero Haemagogus, mas os mosquitos Aedes spp. também podem ser vetores competentes.
Os reservatórios naturais do vírus Mayaro foram relatados como vertebrados silvestres, principalmente primatas não humanos, mas também aves e répteis (3).
Desde maio de 2014, quando o vírus chikungunya varreu a ilha de Hispaniola e chegou em diversos países da América latina, pesquisadores da Universidade da Flórida (Gainesville, FL, EUA) estudaram a transmissão de alfavírus e flavivírus no Haiti em colaboração com a Christianville Foundation.
Esta fundação opera 4 escolas na região de Gressier/Leogane do Haiti (≈ 20 milhas a oeste de Porto Príncipe) que atendem a cerca de 1.250 alunos do pré-escolar à 9ª série. A Universidade da Flórida possui protocolos para a coleta de amostras de sangue de diagnóstico de crianças atendidas na clínica escolar com doença febril aguda indiferenciada (isto é, doença febril sem sinais localizadores, como seria esperado com pneumonia, infecções do trato urinário, etc. .).
De maio de 2014 até fevereiro de 2015, foram obtidas amostras de sangue de 177 crianças que preencheram os critérios para doença febril aguda indiferenciada.
As amostras de plasma foram rastreadas por PCR de transcrição reversa (RT-PCR) para Chikungunya e vírus da dengue;. Amostras que foram negativas para Chikungunya foram cultivadas utilizando linhas celulares e condições como descrito anteriormente. O vírus Zika e o enterovírus D68 foram previamente isolados de membros desta coorte escolar.
O mais preocupante dado foi a detecção do Mayaro vírus em uma criança como parte deste processo de triagem.
Especialistas alertam que este caso pode ser um indício de que o vírus está se espalhando e já começa a circular pela região do Caribe.
Opinião de especialista
“Os sintomas são muito similares aos da Chikungunya. Por isso, quando o paciente vai ao médico, pensam se tratar dessa doença e não sabem que é o vírus Mayaro”, disse Dr. John Lednicky, que liderou a equipe da universidade americana responsável pelo estudo.
A semelhança com o vírus Chikungunya também alerta os cientistas.
Em um artigo publicado na revista Scientific American, Marta Zaraska, jornalista especializada em ciência, destaca que isso poderia explicar por que o Mayaro pode se tornar um problema generalizado.
“Ambos os vírus eram originalmente transmitidos por mosquitos da selva, infectando pessoas na região amazônica, mas o Chikungunya tem se adaptado e hoje é transmitido por mosquitos urbanos, como o Aedes albopictus e o Aedesaegypti“, que também transmitem a febre amarela, a dengue e a zika.”
Segundo Zaraska, “o mesmo pode estar ocorrendo no caso do Mayaro”.