Sem injeções de insulina, sem evitar açúcar. Um medicamento diário pode reverter os sintomas de diabetes em ratos, abrindo a possibilidade de uma vida saudável para os diabéticos.
Muitas pessoas desenvolvem diabetes tipo 2 com a idade, como a resposta do seu corpo à insulina – um hormônio que controla a quantidade de açúcar circula no nosso sangue – fica mais fraco. Algumas pessoas podem gerenciar seus sintomas, aderindo a uma dieta restritiva, ou usando drogas para remover o açúcar de seu sistema sanguíneo, embora muitos destes têm efeitos colaterais, como ganho de peso e/ou diarreia.
Essas drogas só podem ajudar a controlar a doença – eles não podem reverter isso. “Nós não temos nada que possa superar a resistência à insulina”, diz Dr. Emily Burns do Diabetes Care UK. Como resultado, muitas pessoas acabam tendo que injetar insulina para certificar-se de excesso de açúcar é removido de seu sangue. Quando não tratada, diabetes tipo 2 pode levar a doença cardíaca e renal, dano nervoso, úlceras nos pé e problemas de visão.
Uma pílula diária
A pílula diária que restaura a sensibilidade do corpo à insulina pode tornar mais fácil controlar o boom do diabetes em nações ricas, onde a obesidade está em ascensão. Dra. Stephanie Stanford, da Universidade da Califórnia, em San Diego, e sua equipe descobriram que ratos com diabetes que receberam uma droga tiveram a sinalização de insulina afetada, passando a restaurar sua capacidade de controlar os níveis de açúcar no sangue.
O fármaco foi administrado diariamente, por via oral, e não parece ter quaisquer efeitos secundários nos ratos. Os animais tinham desenvolvido a condição depois que uma dieta rica em gordura tinha deixado-os obesos.
“Isso poderia levar a uma nova estratégia terapêutica para o tratamento de diabetes tipo 2”, diz Dra. Stanford
“Se este novo medicamento funciona como descrito, ele poderia ser usado para reverter a resistência à insulina, mas precisamos saber primeiro se ele faz isso com segurança nas pessoas”, diz Dr. Burns.
Como funciona?
O fármaco funciona através da inibição de uma enzima denominada proteína tirosina fosfatase de baixo peso molecular (LMPTP), que parece contribuir para que as células percam a sua sensibilidade à insulina. Ao impedir o LMPTP, a droga desperta receptores de insulina na superfície das células – especialmente no fígado – que normalmente absorvem o excesso de açúcar do sangue quando detectam a insulina.
Invertendo diabetes
O gene que faz LMPTP foi previamente ligado com a diabetes e quando o grupo desligou esse gene em ratos, os animais não desenvolveram o diabetes, mesmo sedo alimentados com uma dieta rica em gordura.
Parar este gene no fígado foi suficiente para produzir o mesmo efeito. “Descobrimos que o LMPTP é um promotor crítico da resistência à insulina que se desenvolve durante a obesidade”, diz Dra. Stanford.
Assim, a equipe desenvolveu uma droga para bloquear as ações da enzima LMPTP no fígado. “Nosso inibidor aumentou a ativação do receptor de insulina no fígado e reverteu o diabetes sem quaisquer efeitos colaterais negativos aparentes”, diz Dra. Stanford.
Tratamento orientado
Até agora, a maioria desses esforços tem se concentrado em outra enzima tirosina fosfatase, mas tem-se revelado difícil bloquear isso sem também causar efeitos colaterais, diz Drucker.
“Nosso composto é muito específico para o alvo, e não vemos quaisquer efeitos colaterais após o tratamento em ratos por um mês, mas o próximo passo é estabelecer rigorosamente se é seguro para uso em ensaios clínicos”, diz Dra. Stanford.
“Encontrar uma maneira de fazer as células responderem à insulina novamente é uma estratégia importante e emocionante”, diz Dr. Burns. “Até agora, a droga só foi testada em ratos, e enquanto algumas pesquisas em genética humana sugere que esta abordagem poderia funcionar em pessoas também, precisamos de mais investigação antes de sabermos o quão relevante isso poderia ser para as pessoas com diabetes tipo 2.”
A equipe da Dra. Stanford agora está embarcando em testes de segurança em animais. “O próximo passo para a pesquisa clínica é entender se o tratamento será seguro para as pessoas”, diz ela.