Há evidências crescentes de que alimentos podem alterar o crescimento e propagação do câncer, dizem os cientistas de Cambridge.
Pesquisas em animais, publicadas na revista Nature, mostraram tumores mamários morreram sem o aminoácido asparagina.
Esse nutriente encontra-se no aspargo, bem como na carne de aves, frutos do mar e muitos outros alimentos.
No futuro, os cientistas esperam aproveitar os “vícios culinários” do câncer para melhorar o tratamento.
A asparagina é um aminoácido – um bloco de construção de proteínas – e deu o nome aos aspargos.
O estudo
O estudo, realizado no Cancer Research UK Cambridge Institute, ocorreu em camundongos com uma forma agressiva de câncer de mama.
Normalmente eles morreriam em algumas semanas, enquanto o tumor se espalhava por todo o corpo.
Mas quando os ratos receberam uma dieta com baixa concentração de asparagina ou receberam drogas que bloqueam a asparagina, o tumor teve dificuldade em se espalhar.
“Foi uma grande mudança, [os cânceres] foram muito difíceis de encontrar”, disse o professor Greg Hannon.
No ano passado, a Universidade de Glasgow mostrou que o corte de alguns aminoácidos, a serina e a glicina, retardou o desenvolvimento de linfomas e cânceres intestinais.
O professor Hannon disse à BBC: “Estamos vendo evidências crescentes de que cânceres específicos são “viciados” em componentes específicos de nossa dieta.”
“No futuro, modificando a dieta de um paciente ou usando drogas que mudam a maneira como as células tumorais podem acessar esses nutrientes, esperamos melhorar os resultados na terapia”.
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Dieta controlada de aminoácidos “poderia ajudar o tratamento do câncer”. Um tumor inicial raramente é mortal. É quando o câncer se espalha por todo o corpo – ou metástases – que pode tornar-se fatal.
Uma célula cancerosa deve passar por grandes mudanças para se espalhar – deve aprender a se separar do tumor principal, sobreviver na corrente sanguínea e prosperar em outros lugares do corpo.
É esse o processo pelo qual os pesquisadores acham que a asparagina é necessária.
Mas não tenha medo dos aspargos, essas descobertas ainda precisam ser confirmadas em pessoas e a asparagina é difícil de evitar na dieta de qualquer maneira.
A longo prazo, os cientistas acham que os pacientes poderão receber alimentos especiais que são nutricionalmente equilibradas, mas que não possuam asparagina.
O prof. Charles Swanton, clínico-chefe do Cancer Research UK, disse: “Curiosamente, a droga L-asparaginase é usada para tratar a leucemia linfoblástica aguda, que depende da asparagina.”
“É possível que, no futuro, esta droga possa ser reutilizada para ajudar a tratar pacientes com câncer de mama”.
Ainda são necessários novos ensaios
A baronesa Delyth Morgan, executiva-chefe da Breast Cancer Now, disse que os pacientes não deveriam seguir dietas drásticas no teste clínico do estudo.
Ela disse: “Não recomendamos que os pacientes excluam totalmente qualquer grupo de alimentos específicos de sua dieta sem falar com seus médicos. Nós também incentivamos todos os pacientes a seguir uma dieta saudável e variada”.