Homens com câncer de mama têm taxas de sobrevivência mais baixas que as mulheres

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Como em muitas doenças, as mulheres recebem procedimentos e medicamentos amplamente testados em homens e mulheres.

Entretanto para o caso de homens com câncer de mama o problema é: os homens representam menos de 1% dos casos de câncer de mama e geralmente recebem tratamento com base em dados coletados em mulheres.

Além disso, o câncer de mama em homens tem aumentado. Os diagnósticos passaram de 0,85 por 100.000 homens nos Estados Unidos em 1975 para 1,21 por 100.000 em 2016.

Este ano, estima-se que 2.670 homens americanos desenvolverão a doença. E uma nova análise confirma o que estudos menores sugeriram: homens com câncer de mama se saem pior do que as mulheres.

O estudo, publicado em 19 de setembro na JAMA Oncology, é o maior do gênero. Ele analisou dados de registro de 1.816.733 pacientes nos EUA – incluindo 16.025 homens – que foram diagnosticados com câncer de mama de janeiro de 2004 a dezembro de 2014.

Três e cinco anos após o diagnóstico, bem como no final do período do estudo, os homens tiveram menores taxas de sobrevivência que as mulheres.

A disparidade permaneceu “mesmo depois que ajustamos os fatores contribuintes conhecidos, incluindo preditores clínicos, status socioeconômico e acesso aos cuidados”, diz Dr. Xiao-Ou Shu, epidemiologista do Vanderbilt University Medical Center, em Nashville, que liderou a pesquisa.

Dra. Laura Esserman, oncologista da mama da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que não participou do estudo, disse: “o mais impressionante é que houve uma diferença no tratamento”.

Caso em questão: embora 84,5% dos homens com câncer de mama eram “receptores hormonais positivos” – o que significa que seus tumores crescem em resposta ao estrogênio ou progesterona – apenas 57,9% dos homens receberam terapia endócrina de tratamento padrão (medicamentos que impedem que os hormônios ajudem o crescimento das células cancerígenas). Em comparação, apenas 75,8% das pacientes com câncer de mama eram positivas para receptores hormonais, mas 70,2% delas receberam terapia endócrina.

Consistente com análises anteriores, o novo estudo também descobriu que pacientes com câncer de mama eram mais velhos quando diagnosticados e mais propensos a terem a doença avançada, em comparação com as mulheres.

Tamoxifeno

Após o tratamento primário, muitos pacientes com câncer de mama recebem um regime de 5 a 10 anos de tamoxifeno.

Esta pílula diária reduz o risco de recorrência do câncer, mas também traz efeitos colaterais, como mudanças de humor, náusea, ondas de calor e perda do desejo sexual. Algo que pode inibir os homens a se tratarem.

Mesmo que a adesão não fosse um problema, alguns especialistas observam que as vias moleculares que produzem efeitos endócrinos diferem entre os sexos, e os pacientes com câncer de mama do sexo masculino podem ter vias alternativas para impulsionar o crescimento do tumor.

Isso significa que as terapias hormonais podem não funcionar tão bem nos homens, diz Dr. Xiaoxian Bill Li, patologista da mama da Universidade Emory, em Atlanta, cujo estudo de 2017 indicou que pacientes com câncer de mama no sexo masculino têm piores resultados do que as mulheres, especialmente em doenças em estágio inicial.

Para expandir as opções de tratamento, a Food and Drug Administration emitiu um guia de orientação em agosto, incentivando as empresas farmacêuticas a incluir homens nos estudos de câncer de mama.

E quando os dados dos ensaios clínicos são escassos, a agência ocasionalmente considera outras fontes de informação. Em abril, por exemplo, o FDA expandiu as indicações para o medicamento palbociclib para câncer de mama para incluir os homens, com base em registros eletrônicos de saúde e dados pós-marketing relacionados às experiências do mundo real dos pacientes.

Recentemente, a agência aprovou vários medicamentos contra o câncer de mama para homens e mulheres, embora os ensaios clínicos não tivessem participantes masculinos, porque não se esperava que os medicamentos se comportassem de maneira diferente entre os sexos, diz Richard Pazdur, diretor do Centro de Excelência em Oncologia da FDA.

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Fonte: Science News

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