O vidro líquido é realmente um material peculiar. Apesar de serem sólidos, seus componentes não são organizados em uma estrutura cristalina como outros sólidos.
Suas moléculas congelam no lugar antes de se organizarem em um cristal. A busca pela compreensão do vidro levou os pesquisadores a descobrirem um novo estado da matéria: o vidro líquido.
O vidro líquido foi criado com partículas que podiam fluir, mas não podiam girar. Conforme relatado nos Proceedings of the National Academy of Sciences, esse novo estado dá uma ideia de como o vidro normal pode se formar.
O ponto de partida desta investigação foi o uso de coloides, misturas de partículas “grandes” dispersas por uma segunda substância. Géis e emulsões são exemplos de coloides. Essas substâncias podem experimentar muitos fenômenos que ocorrem no material formador de vidro, portanto, são um bom substituto para estudar essas transições vítreas.
A equipe envolvida nesta pesquisa decidiu tentar algo diferente dos estudos anteriores. Em vez de usar partículas esféricas em seu colóide, eles fabricaram partículas elípticas especiais (em forma de ovo). Ao alterar a concentração destes nas misturas, eles descobriram o comportamento incomum do vidro líquido.
“Devido às suas formas distintas, nossas partículas têm orientação – em oposição às partículas esféricas – o que dá origem a tipos de comportamentos complexos inteiramente novos e não estudados”, disse o autor sênior, Professor Dr. Andreas Zumbusch, da Universidade de Konstanz, em um comunicado.
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“Em certas densidades de partículas, o movimento orientacional congelou, enquanto o movimento translacional persistiu, resultando em estados vítreos onde as partículas se agruparam para formar estruturas locais com orientação semelhante.”
Compreender o vidro não se trata apenas do material que faz nossas janelas. Uma ampla gama de materiais se comporta como vidro, incluindo plásticos e metais, bem como substâncias orgânicas como proteínas e até células biológicas.
As investigações teóricas do vidro líquido vêm acontecendo há duas décadas. Este primeiro resultado terá um efeito de longo alcance no campo da ciência dos materiais.