Veneno do dragão de Komodo pode ser usado contra AVC

O veneno do dragão de Komodo pode fornecer tratamentos direcionados para prevenir acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos.

Um estudo dos venenos desses lagartos revelou uma diversidade considerável de compostos, o que poderia levar a medicamentos altamente direcionados.

Até recentemente, pensava-se que o veneno era raro entre os lagartos.

No entanto, o Dr. Bryan Fry da Universidade de Queensland demonstrou que é generalizado, inclusive no dragão Komodo, o maior lagarto do mundo.

Este fato passou despercebido porque muitos lagartos não produzem toxinas poderosas o suficiente para matar suas presas.

No entanto, como Dr. Fry observa na revista Venom, para proporcionar um benefício evolutivo, “um sistema de veneno só precisa aumentar marginalmente as chances de um predador conseguir uma refeição com sucesso, por exemplo, enfraquecendo ligeiramente uma presa, tornando-a mais fácil de ser capturada”.

A verdade do dragão de Komodo também foi obscurecida pelo mito popular que suas bocas contêm bactérias letais.

Em 2005, investigadores da Universidade de Melbourne concluíram que o dragão de komodo (Varanus giganteus) pode ser venenoso. Pensava-se que as mordidas desses lagartos propiciavam infecções por causa das bactérias presentes na boca dos animais, mas a equipe de pesquisa mostrou que os efeitos imediatos eram causados por envenenamento.

Estudos de veneno de cobra levaram ao captopril, o medicamento que reduz a pressão sanguínea que impediu centenas de milhares de ataques cardíacos.

O artigo do Dr. Fry sugere que o grande momento médico dos lagartos poderia ser uma prevenção especializada de coágulos sanguíneos.

Dr. Fry disse que os coágulos se formam a partir de uma combinação de três cadeias diferentes no fibrinogênio protéico. Diferentes espécies venenosas injetam moléculas que interferem na coagulação.

Esta diversidade pode ser valiosa, uma vez que é possível que o corte em locais específicos seja mais eficaz para as pessoas que sofrem de condições específicas.

Trazer essa droga para o mercado não será fácil. “Agora vem o trabalho real”, disse Dr. Fry. Ele acrescentou que, mesmo que nunca produza uma droga especificamente baseada em uma molécula de veneno de lagarto, a compreensão adquirida ao ver como elas agem sobre o sangue pode ajudar a aperfeiçoar outras drogas.

Os dentes

O estudo também investigou a diversificação dos dentes dos lagartos. Os autores esperavam encontrar conexões entre as mudanças na forma do dente e na evolução do veneno.

Dr. Fry ficou desapontado por não confirmar esta teoria, mas contou a IFLScience: “Ainda era divertido olhar dentro das bocas de muitos grandes lagartos”.

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