Em estudo publicado pela revista científica JAMA Oftalmology, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e Instituto da Visão (São Paulo -Brasil), identificaram possíveis fatores de risco para problemas oftalmológicos em recém-nascidos diagnósticados com infecção por Zika vírus intra-uterino.
Estima-se que mais de 1 milhão de brasileiros tenham contraído infecção pelo vírus Zika (ZIKV) desde Abril de 2015, que reflete a capacidade do vírus para causar surtos de grande escala, onde o vetor esteja presente.
Após a eclosão do ZIKV brasileira, foi identificado um aumento inesperado no número de recém nascidos com microcefalia. Uma atualização emitida pelo Ministério da Saúde brasileiro lançou em janeiro 2016 o relato de 3.174 casos suspeitos. O vírus Zika tem sido associado a resultados de microcefalia e também em resultados oftalmoscópicos em recém nascidos de mães infectadas durante a gravidez.
Para este estudo, os pesquisadores incluíram 40 crianças com microcefalia nascido no estado de Pernambuco, Brasil, entre maio e dezembro de 2015. O teste do fluido cerebrospinal para ZIKV foi realizada em 24 de 40 crianças (60%). As crianças e as mães foram submetidas a exames oculares. As crianças foram divididas em 2 grupos, aqueles com e aqueles sem alterações oftalmoscópicas, para comparação.
Entre as 40 crianças, a idade média foi de 2,2 meses. Das 24 crianças testadas, 100% tiveram resultados positivos para a infecção ZIKV: 14 do grupo com os achados oftalmológicos e 10 do grupo sem resultados oftalmoscópicas. Os principais sintomas relatados pelas mães em ambos os grupos foram erupção cutânea, febre, dor de cabeça e dor nas articulações. Nenhuma mãe relatou conjuntivite, outros sintomas de olho durante a gravidez ou apresentou sinais de uveíte (inflamação de uma parte do olho), no momento da análise.
Trinta e sete olhos de 22 crianças apresentaram problemas oftalmológicos. A análise indicou que o envolvimento ocular em crianças com infecção congênita ZIKV. A pesquisa mostrou uma maior frequencia de problemas oculares em crianças com medida cefálica menor (microcefalia) de recém nascidos cujas mães relataram sintomas durante o primeiro trimestre.
Fonte: JAMA Ophthalmology