Os astronautas em missões de longo prazo podem enfrentar muitos perigos e alguns desses podem chegar até nós na Terra.
Um novo estudo sobre a adaptabilidade das bactérias no espaço mostrou que elas podem combater os antibióticos mais eficientemente no espaço pois mudam de forma.
Uma equipe internacional de pesquisadores enviou culturas de E. Coli para a Estação Espacial Internacional para serem tratadas com diferentes concentrações de sulfato de gentamicina, um antibiótico que mata facilmente as bactérias na Terra.
A equipe descobriu no final do experimento que havia 13 vezes mais E. Coli nas culturas espaciais em comparação com a amostra controle na Terra e o tamanho da célula era 63 por cento menor. Os resultados foram publicados em Frontiers in Microbiology.
“Sabíamos que as bactérias se comportam de forma diferente no espaço e que é preciso uma maior concentração de antibióticos para matá-las”, disse o autor principal, Dr. Luis Zea, da Universidade do Colorado Boulder, em um comunicado.
“O que há de novo é que realizamos uma análise sistemática da aparência física em mudança das bactérias durante as experiências”.
Como a gravidade afeta as bactérias
Sem gravidade, não há flutuabilidade e sedimentação, o que ajuda as bactérias a conseguirem nutrientes.
As bactérias dependem da difusão natural, de modo que, com uma área de superfície menor, elas são menos propensas a terem contato com as drogas. Os envelopes celulares também aumentam a espessura e desenvolvem vesículas, que são usadas para enviar sinais moleculares para outras células.
Se tudo isso já não fosse suficiente, elas também se agruparam em grupos, o que protege as células internas dos antibióticos ainda mais.
“Tanto o aumento da espessura do envelope celular quanto as vesículas da membrana externa podem ser indicativos de mecanismos de resistência aos medicamentos serem ativados nas amostras do voo espacial”, continuou Dr. Zea. “E esta experiência nos dá a oportunidade de entender melhor como as bactérias tornam-se resistentes aos antibióticos aqui na Terra”.
Biofilme
O aglomerado de E. Coli tem sido associado à formação de biofilmes em certas bactérias aqui na Terra.
Os biofilmes são grupos de microrganismos que se juntam graças a uma matriz extracelular viscosa. As placas dentárias são exemplos do biofilme. Os casos preocupantes são os biofilmes da tuberculose, que são extremamente difíceis de matar.
Esta pesquisa poderia beneficiar os astronautas e as pessoas. Novas técnicas precisam ser criadas para combater as bactérias no espaço e podem ter aplicações também aqui na Terra.