Lichia causa mortes na Índia

Saúde

Lichia causa morte de crianças na Índia

By Paulo

February 06, 2017

Todos os anos, uma doença até então considerada misteriosa atingia as crianças de uma cidade chamada Muzzafarpur, na Índia.

Centenas delas começavam a ser internadas em meados de maio, e o pico de casos era atingindo em junho. Os sintomas envolvem convulsões, inchaço no cérebro, dores e eventualmente a morte

No entanto, cientistas conseguiram determinar as causas da doença, associando-a ao consumo de uma pequena fruta que aqui no Brasil conhecemos como lichia. Uma vez que Muzzafarpur é tida como a maior região de cultivo de lichia na Índia, os médicos verificaram que o aumento de casos coincidia com a época de colheita e ocorria principalmente em crianças economicamente desfavorecidas.

O fato é que as crianças comiam grandes quantidades da fruta, que caiam dos pomares, com o estômago vazio, mas sem perceber as consequências fatais que poderiam ter. A lichia produz grandes quantidades de uma toxina chamada hipoglicina, que impede o corpo de sintetizar glicose.

Em consequência disso, os níveis de açúcar no sangue ficam perigosamente baixos (hipoglicemia). Então, conforme ficavam mais doentes e paravam de comer, sofriam com constantes convulsões e perda de consciência.

A investigação começou a ser feita pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) após o número de relatos de mortes aumentar. Os resultados, que foram publicados na The Lancet, se assemelham a uma situação que ocorreu no Caribe, quando um grande número de crianças também apresentou sintomas como inchaço cerebral e convulsões. Neste caso, o evento foi associado a um fruto chamado ackee, relacionado à lichia, e capaz de liberar níveis maciços da mesma toxina.

Após descobrirem a causa da doença, funcionários da saúde na Índia alertaram os pais a se certificarem de que os filhos façam refeições completas durante a noite, para restringir o número de lichias que poderão comer durante o dia. Desde a descoberta, o número de casos foi reduzido de centenas para 50 por ano.

 

Fonte: The Lancet