Novos tratamentos que saiam do laboratório e passem para o uso clínico podem custar centenas de milhões de dólares e demorar décadas. Mas agora por causa do COVID-19 os cientistas estão testando substâncias já aprovadas.
Uma equipe global de pesquisadores fez exatamente isso, pesquisando em uma das maiores coleções de medicamentos já desenvolvidos do mundo.
Eles descobriram 21 tratamentos em potencial para o COVID-19.
Obviamente é preciso muito mais pesquisas para determinar se algum desses medicamentos pode ser usado para ajudar os pacientes. Mas é um excelente primeiro passo, driblando algumas barreiras para a produção de medicamentos completamente novos.
“É provável que o desenvolvimento de uma vacina exija pelo menos 12 a 18 meses, e o prazo típico para aprovação de uma nova terapêutica antiviral pode exceder 10 anos”, escreve a equipe em seu novo artigo.
“Assim, o redirecionamento de medicamentos conhecidos pode acelerar significativamente a implantação de novas terapias para o COVID-19”.
Os pesquisadores pegaram a biblioteca de reaproveitamento de medicamentos ReFRAME com 11.987 compostos que receberam a aprovação do FDA ou foram submetidos a ensaios clínicos, e começaram a testá-los contra o SARS-CoV-2 em uma linha de células chamada Vero, cultivada a partir do rim de um macaco (Chlorocebus sp.).
“Percebemos no início da pandemia do COVID-19 que o ReFRAME seria um recurso inestimável para a triagem de medicamentos para reaproveitar contra o novo coronavírus”, diz o químico médico e co-autor do estudo Dr. Arnab Chatterjee da Calibr, da divisão de descoberta de medicamentos da Scripps Research que criou ReFRAME.
Como era de se esperar, a grande maioria dos testes não resultou em resultado positivo, mas a equipe encontrou 100 compostos que inibiam a replicação viral do SARS-CoV-2 nas células Vero.
A equipe então demonstrou que 21 desses 100 compostos tinham uma relação dose-resposta – o que significa que a dose necessária para ser eficaz também não causaria danos aos seres humanos.
Um deles foi o remdesivir, deixando 20 ainda a serem testados para o tratamento com COVID-19.
Remdesivir: A primeira boa notícia contra a COVID-19
Dessas 21 drogas, 13 foram consideradas eficazes em concentrações que poderiam ser usadas com segurança em pacientes com COVID-19 e já haviam entrado em ensaios clínicos.
“Este estudo expande significativamente as possíveis opções terapêuticas para pacientes com COVID-19, especialmente porque muitas das moléculas já possuem dados de segurança clínica em humanos”, disse o virologista Dr. Sumit Chanda, do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, na Califórnia.
“Este relatório fornece à comunidade científica um arsenal maior de armas em potencial que podem ajudar a controlar a pandemia global”.
Os testes com as 21 drogas e futuros tratamentos
Atualmente, as 21 drogas estão sendo testadas com modelos de pequenos animais ou mini pulmões que podem imitar o tecido humano. No entanto, a equipe já encontrou três que trabalhavam no tecido pulmonar derivado de células-tronco humanas e uma mostrou efeitos antiviral em um sistema de cultura pulmonar em laboratório.
Tudo isso é empolgante, mas, como vimos em muitos exemplos até agora, é preciso cautela antes de iniciar a administração de novos medicamentos, mesmo durante uma pandemia.
Nem todos os compostos promissores realmente funcionarão contra o COVID-19, mesmo que esses drogas foram aprovadas para outras doenças no passado.
Quanto mais tratamentos tivermos, no entanto, melhor.
“Enquanto alguns desses medicamentos estão atualmente em testes clínicos para o COVID-19, acreditamos que é importante buscar candidatos a medicamentos adicionais para termos várias opções terapêuticas”, diz Dr. Chanda.