Pesquisadores da Universidade de Chicago, têm mostrado que a microbiota desempenha um papel importante na capacidade do corpo para aceitar transplante de pele e de outros órgãos.
Transplante. Em um estudo publicado no The Journal of Clinical Investigation, pesquisadores demonstraram que os enxertos de pele entre os ratos tratados com antibióticos antes do transplante sobrevivem aproximadamente o dobro do tempo que ratos que não receberam a medicação.
Enxertos entre camundongos criados em um ambiente estéril, livre de germes também sobreviveu mais tempo. Enquanto isso, a equipe descobriu que se os ratos livres de germes forem tratados com micróbios de camundongos convencionais, não tratados, eles rejeitaram os enxertos de pele mais rapidamente. Mas se eles fossem dosados com os micróbios que sobreviveram ao tratamento com antibióticos de ratos convencionais, eles mantiveram os enxertos de pele de forma semelhante aos ratos estéreis. Isto sugere a composição da microbiota influencia o destino do enxerto.
Transplante de pele“As espécies que formam a comunidade de micróbios que colonizam os ratos – e, supostamente, os seres humanos também – têm efeitos diferentes”, disse Maria Luisa Alegre, MD, PhD, professora de medicina na Universidade de Chicago e co-autor sênior do estudo. “Uma comunidade de bactérias dos ratos normais é capaz de induzir a rejeição acelerada de um transplante. Por outro lado, outra comunidade de bactérias, aqueles que sobreviveram aos antibióticos, não tem essa capacidade.”
As taxas de sucesso para transplantes de pele, pulmões e intestinos – órgãos que são expostos para o mundo exterior – são muito piores do que os transplantes de órgãos internos como os rins e corações, em ambos os cenários clínicos para os seres humanos e para os animais de laboratório. Uma hipótese para essa diferença pode ser devido ao fato de a pele, pulmões e intestinos sejam colonizados por microbiota e os chamados órgãos internos não. Eles são estéreis.
Opiniao da pesquisadora:
Alegre disse uma melhor compreensão dos micróbios sobre os transplantes é fundamental. É importante sabermos se eles desempenham papel para aumentar ou suprimir a resposta imunitária contra um órgão transplantado. Com isso pode-se criar novas estratégias para melhorar os resultados em seres humanos. Uma possibilidade seria o desenvolvimento de mais antibióticos de espectro estreito. Eles teriam como alvo apenas as bactérias que provocam rejeição, ou, inversamente, o uso de probióticos com bactérias conhecidas por suprimir a resposta imune. No entanto, as espécies específicas que causam qualquer tipo de resposta após o transplante ainda são desconhecidas, e os pesquisadores advertem que alterar o equilíbrio dos micróbios no corpo pode ter consequências indesejáveis.
“Nós evoluímos de coabitar eficazmente com os nossos micróbios. Eles são muito benéficos”, disse ela. “Nós precisamos deles. Eles fazem vitaminas que precisamos. Eles digerir alimentos que não podemos digerir. Eles ajudam a manter nossa saúde, equilibrando o nosso sistema imunológico para combater infecções. Por isso, temos que ter cuidado com qualquer coisa que vai alterar esse equilíbrio.”
Fonte: Journal of Clinical Investigation