O surto de Ebola na República Democrática do Congo é o pior de todos os tempos no país desde que a doença foi descoberta lá em 1976.
As autoridades de saúde da nação africana dizem nunca ter visto um surto tão violento. Os números mostram que o atual infectou pelo menos 319 pessoas e matou 198.
E, incomumente, as crianças estão sendo gravemente afetadas. Elas estão sendo contaminadas na clínicas médicas quando as procuram por outras razões, dizem especialistas.
“Nenhuma outra epidemia no mundo foi tão complexa quanto a que estamos vivenciando atualmente”, disse o médico Oly Ilunga Kalenga, ministro da Saúde.
Para piorar
Para dificultar ainda mais a situação, grupos armados atacaram, sequestraram e mataram equipes médicas que tentavam combater o surto. Até mesmo equipamentos foram destruídos, o que dificultou a ajuda às vítimas.
O surto está acontecendo nas províncias de Ituri e Kivu do Norte, no nordeste da nação africana, que faz fronteira com Uganda e o sul do Sudão.
Tendo começado no dia 1º de agosto, é o décimo surto desde que a doença, que causa febre extrema, sangramento e diarréia, foi descoberta pela primeira vez há 42 anos.
“Essa epidemia continua perigosa e imprevisível, e não devemos baixar a guarda”, disse Kalenga.
“Devemos continuar a buscar uma resposta muito dinâmica que exija reajustes permanentes e uma apropriação real no nível da comunidade.”
Ele acrescentou: “Desde a sua chegada na região, as equipes de resposta enfrentaram ameaças, agressões físicas, destruição repetida de seus equipamentos e sequestro.”
“Dois dos nossos colegas da Unidade Médica de Resposta Rápida até perderam a vida em um ataque.”
Kalenga disse que as equipes que respondem ao surto são violentamente atacadas, em média, de três a quatro vezes por semana.
Em outubro, militantes mataram 11 civis e um soldado em Beni, uma cidade com cerca de 230 mil habitantes, onde se supõe que o surto tenha começado.
Entre as 198 pessoas que morreram no surto, 163 delas tiveram o Ebola confirmado, com 35 casos “prováveis”.
Acredita-se que cerca de 100 pessoas tenham sobrevivido ao vírus incurável.
Programa de vacinação
Apesar de enfrentar a resistência de pessoas que não querem profissionais de saúde tratando-as, o governo conseguiu vacinar mais de 27.000 pessoas.
Aqueles que são conhecidos por terem entrado em contato com outras pessoas que tiveram a doença foram alvos do programa de vacinação.
O chefe das operações de manutenção da paz da ONU prometeu nesta semana fazer mais reuniões com o governo da República Democrática do Congo para ajudar a melhorar a segurança no país.