Ondas sonoras podem aumentar a capacidade cerebral em ratos com sintomas da doença de Alzheimer.
Como luzes piscantes, esses sons externos estimulam um tipo de onda cerebral que parece varrer placas causadoras de doenças no cérebro de camundongos.
Os pesquisadores relataram a pesquisa na edição do dia 14 de março na revista Cell.
É muito cedo para dizer se os mesmos tipos de tremulações sonoras podem ajudar as pessoas com Alzheimer. Se assim for, o tratamento representaria uma maneira fundamentalmente nova de atacar a doença neurodegenerativa – com luzes e sons em vez de drogas.
Um estudo anterior de camundongos, do neurocientista Dr. Li-Huei Tsai, do Picower Institute for Learning and Memory, do MIT, e seus colegas, focalizou os olhos. Luzes que piscaram exatamente 40 vezes por segundo (um efeito “cintilante”, diz Tsai) desencadearam ondas gama, um tipo de onda cerebral que se pensava acontecer durante a concentração.
Em camundongos, essas ondas cerebrais de alguma forma reduziram o beta-amilóide, a proteína que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer.
Mas nesse estudo, a proteína foi reduzida apenas na parte do cérebro que lida com a visão – uma área que não é considerada fundamental para a progressão do Alzheimer.
Os sons que zumbem a uma taxa de 40 cliques por segundo, ou 40 hertz, fazem o mesmo truque de estimular ondas gama e limpar o cérebro dessa proteína, mas em uma parte mais relevante do cérebro – o hipocampo, uma estrutura importante para a memória.
Uma hora diária de cliques rápidos, tocados por alto-falantes acima das gaiolas dos ratos por sete dias, também melhorou as memórias de ratos geneticamente modificados para terem sinais de Alzheimer.
“Essa é uma descoberta muito interessante, que pode realmente afetar a cognição”, diz a neurocientista Dra. Tara Tracy, do Instituto Buck de Pesquisa sobre Envelhecimento, em Novato, Califórnia, que não participou do novo trabalho.
Ainda não está claro como o aumento das ondas gama nesses camundongos levou a esses efeitos. “É uma questão em aberto”, diz Tracy.
Também não se sabe se os resultados nesses camundongos geneticamente modificados, que imitam uma forma rara e agressiva de Alzheimer, se aplicam às pessoas.
Dr. Tsai cofundou uma empresa, a Cognito Therapeutics, que está testando a abordagem combinada de luz e som em pessoas idosas com comprometimento cognitivo leve a moderado. O estudo ainda não está concluído, diz Tsai, mas até agora “não vimos nenhum efeito indesejável”.