O óleo de coco ganhou recentemente “status de superalimento” apesar de órgãos de saúde alertarem para alguns riscos. Infelizmente, os ecologistas alertaram que essa commodity tradicional também afeta muito os ecossistemas tropicais onde é cultivada.
Um novo artigo que investiga o impacto ecológico da produção de óleo de coco concluiu que ela ameaça mais espécies por tonelada produzida do que qualquer outro óleo vegetal, incluindo óleo de palma, uma cultura cultivada nos trópicos que é amplamente conhecida por ser uma notícia terrível para o meio ambiente.
“Muitos consumidores ocidentais pensam nos produtos de coco como saudáveis e sua produção relativamente inofensiva para o meio ambiente”, afirmou Dr. Erik Meijaard, principal autor do estudo e professor da Universidade de Kent, no Reino Unido.
“Acontece que precisamos pensar novamente sobre os impactos do coco”.
A pesquisa foi publicada na revista Current Biology. A equipe internacional de cientistas analisou como a produção agrícola de cocos afeta a perda de espécies.
Eles descobriram que o óleo de coco afeta 20 espécies animais e vegetais por milhão de toneladas de óleo produzido. Em comparação, a produção de óleo de palma afeta 3,8 espécies por milhão de toneladas, as azeitonas afetam 4,1 espécies por milhão de toneladas e o óleo de soja afeta 1,3 espécies por milhão de toneladas.
Culturas como canola e girassol tiveram um impacto relativamente pequeno na biodiversidade, afetando 0,04 e 0,05 espécies por milhão de toneladas de produção, respectivamente.
O impacto ecológico da produção de coco é severo devido ao local onde o produto é cultivado. Eles normalmente são cultivados em pequenas ilhas do Pacífico, juntamente com outras regiões tropicais, que mantêm um equilíbrio frágil de muitas espécies ameaçadas.
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Perturbar esse ecossistema para fins agrícolas, portanto, pode ter um efeito profundo na biodiversidade local.
Por outro lado, outras commodities, como a canola ou o girassol, têm um efeito comparativamente baixo nas espécies, porque são cultivadas principalmente em biomas de áreas temperadas e florestas de folhas largas.
Nesses ambientes os impactos da agricultura são menos severos, pelo menos em termos de impacto das espécies.
Os pesquisadores dizem que não querem iniciar uma caça às bruxas contra o óleo de coco. Eles, no entanto, esperam fornecer aos consumidores informações mais robustas sobre como seus alimentos afetam o planeta.
“Os consumidores precisam perceber que todas as nossas commodities agrícolas, e não apenas as tropicais, têm impactos ambientais negativos”, acrescentou o coautor Dr. Douglas Sheil, da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida.
“Precisamos fornecer aos consumidores informações sólidas para orientar suas escolhas”.