Mulheres com endometriose podem experimentar diferentes alterações genéticas e químicas nas células uterinas que podem ser influenciadas por flutuações hormonais quando comparadas com as pessoas que não têm a doença, segundo uma nova pesquisa.
A endometriose é uma doença crônica e dolorosa que afeta cerca de uma em cada dez mulheres. A condição ocorre quando o tecido que normalmente cresce dentro do útero – o endométrio – começa a crescer em outros lugares, mais comumente nos ovários e nas trompas uterinas.
Sua causa exata é desconhecida e os tratamentos têm graus variados de sucesso, posicionando a condição comum como uma prioridade para muitos pesquisadores e ginecologistas.
“As descobertas levantam a possibilidade de que um dia as diferenças nos padrões de metilação possam ser usadas para diagnosticar endometriose e desenvolver planos de tratamento personalizados para os pacientes”, disse Dr. Stuart B. Moss, do Instituto Nacional de Saúde Infantil – EUA.
A pesquisa
Para determinar como a endometriose pode influenciar as propriedades genéticas de um indivíduo, os pesquisadores compararam a metilação do DNA nas células uterinas e em outras partes do corpo. A metilação do DNA é a ligação de compostos ou grupos metila ao DNA e pode alterar a atividade gênica e também contribuir para processos importantes no corpo, incluindo o desenvolvimento embrionário e o desligamento de certos sinais genéticos.
A metilação foi comparada em mulheres com endometriose e naquelas sem distúrbios ginecológicos.
Certos hormônios são conhecidos por regularem genes em tecidos selecionados, incluindo o revestimento do útero. Os pesquisadores também analisaram como os padrões de metilação e a função dos genes responderam a dois hormônios importantes para o sistema reprodutivo feminino: progesterona e estradiol. Os participantes do teste receberam cada hormônio independentemente e novamente em combinação.
As regiões metiladas das células uterinas mostraram variar dependendo do estágio ou da gravidade da endometriose de uma pessoa – a condição é avaliada em quatro estágios, de leve a grave.
Também foi demonstrado que a metilação do DNA e o funcionamento do gene respondem de maneira diferente quando expostos aos hormônios, tanto individualmente quanto quando administrados em doses combinadas.
Como o tipo de metilação varia de acordo com o estágio da endometriose, os autores do estudo concluem que pode haver dois subtipos da doença e não apenas graus.
Embora os pesquisadores observem o tamanho pequeno da amostra como uma limitação, eles acrescentam que os resultados revelam respostas únicas e anormalidades pré-existentes em mulheres com endometriose e podem ajudar a informar futuras terapias e tratamentos.