Quando um ataque cardíaco ocorre, o sangue para de fluir para partes do coração, deixando o tecido com ausência de oxigênio e matando assim as células cardíacas.
Os cientistas há muito tempo especularam que se eles pudessem fornecer essas células com um suprimento de emergência de oxigênio até que os cirurgiões restaurassem o fluxo sanguíneo com uma derivação coronariana.
Com isso alguns danos permanentes ao tecido cardíaco poderiam ser prevenidos, preservando assim a função cardíaca.
Um novo estudo com ratos sugere uma maneira inovadora de fazer isso: infectar o coração com bactérias fotossintetizadoras que, naturalmente, produzem oxigênio quando expostas à luz.
A técnica foi eficaz para preservar a função cardíaca nos roedores, mas os especialistas observam que há obstáculos significativos para implementá-la como uma terapia humana.
“Esta é uma ideia fascinante e radical, e fico feliz que esteja sendo testado”, diz Dra. Hina Chaudhry, cardiologista do Mount Sinai Hospital, em Nova York. “Mas é uma longa estrada quando partimos de pequenos animais até chegar nos humanos.”
A bactéria utilizada foi Synechococcus elongatus, que, como as plantas, converte luz em energia e converte dióxido de carbono e água em oxigênio.
É bem conhecida entre os bioengenheiros, alguns dos quais a estudam como uma ferramenta para aumentar a produção de biocombustíveis ou como um organismo modelo para investigar os ritmos circadianos.
O experimento
Perguntando se esses micróbios poderiam fornecer oxigênio para um tecido, pesquisadores da Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia, infectaram os músculos cardíacos de ratos com a bactéria e induziram um ataque cardíaco, abrindo o tórax e bloqueando o principal fornecimento de sangue do órgão.
Eles deixaram o coração exposto à luz natural do laboratório e a bactéria foi ao trabalho, resultando em um aumento de 25 vezes nos níveis de oxigênio do tecido 10 minutos após o ataque cardíaco.