Desde o final da década de 1990 as populações de abelhas em todo o mundo estão em rápido declínio.
Agora, um vírus que deforma a asa está encurtando o tempo de vida de abelhas selvagens que já estavam lutando contra uma lista surpreendentemente longa de ameaças existenciais.
Espalhado por ácaros microscópicos, o vírus perturba as abelhas e reduz suas vidas. Essa conclusão foi feita após experiências realizadas pela primeira vez.
“O vírus da asa deformada reduziu fortemente as chances das abelhas operárias sobreviverem até a idade da forrageira”, cientistas relataram na revista da Royal Society Proceedings B.
Eles também descobriram que o vírus “reduz a expectativa de vida e o tempo total de atividade das abelhas infectadas”.
As abelhas ao redor do mundo – especialmente na Europa e na América do Norte – foram dizimadas nos últimos anos por uma misteriosa mancha chamada “colapso da desordem em colônias”, em que populações inteiras desapareceram ou morreram.
Mais do que apenas a sobrevivência das abelhas está em jogo.
Os cientistas calcularam recentemente que 1,4 bilhão empregos, e três quartos das colheitas, dependem de polinizadores, principalmente abelhas.
Ao todo, existem cerca de 20.000 espécies de abelhas que fertilizam mais de 90% das 107 principais culturas do mundo.
Ao mesmo tempo, as Nações Unidas calculam que 40% dos polinizadores invertebrados – em sua maioria abelhas e borboletas – estão em risco de extinção.
O vírus da asa deformada foi previamente reconhecido como uma ameaça ao bem-estar das abelhas, comprometendo sua capacidade de localização.
O patógeno é encontrado na maioria das partes do mundo; em certas áreas, até três quartos das colmeias são afetadas.
Anteriormente, também era suspeito de afetar os padrões de voo, mas faltavam evidência.
O novo estudo elimina qualquer dúvida sobre este ponto.
Cientistas liderados pelo Dr. Kristof Benaets, do Laboratório de Socioecologia e Evolução Social em Leuven, Bélgica, montaram um experimento usando a identificação por radiofrequência (RFID).
Pequenos emissores colocados nos corpos de abelhas saudáveis e infectadas por vírus permitiram aos pesquisadores acompanhar e comparar seus movimentos.
“O rastreamento de atividades fora da colmeia é fundamental para o estudo do impacto dos patógenos na saúde das abelhas”, disse a equipe.
O vírus não reduziu o número ou a duração das operações de coleta de pólen pelas abelhas operárias. Mas isso fez com que os insetos começassem a forragear muito jovens, revelou o experimento.
Eles eram menos experientes na tarefa, e morreram mais cedo do que as abelhas não infectadas. Esse vírus ‘tem um fortemente negativo efeito global’, concluiu o estudo.