O medo do crime não é a única coisa que conduz a posse de arma de fogo nos Estados Unidos. Em vez disso, as preocupações podem ir muito mais a fundo, de acordo com um novo estudo.
Uma série de pesquisas, incluindo centenas de proprietários de armas e não-proprietários em todo os EUA, descobriram que, além das ameaças mais tangíveis, há também “ideias gerais vagas” que orientam o comportamento de muitos proprietários de armas.
O estudo descobriu que a crença no direito de disparar e matar em autodefesa, como permitido por lei, muitas vezes está ligada à ideia de que o mundo é perigoso e imprevisível e a sociedade está à beira do colapso.
No estudo, publicado na revista Personality and Social Psychology Bulletin, os pesquisadores realizaram três pesquisas em maio e junho de 2016, representando 839 homens no total: 404 proprietários de armas e 435 não-proprietários.
Isso revelou que há duas camadas de ameaça em jogo, dizem os pesquisadores.
Quando se trata de comportamento humano, “não são apenas ameaças concretas e específicas que alteram nosso comportamento, mas também idéias vagas e gerais sobre ameaça”, escreveram os autores.
“Mesmo que não possamos identificar exatamente por que nos sentimos ameaçados, o fato de que estamos ameaçados pode levar-nos a querer possuir armas de mão para auto-proteção e defender os direitos mais amplos de carregá-los e usá-los”.
As descobertas
Enquanto a primeira análise comparou as crenças dos proprietários de armas e dos não proprietários, outras duas se concentraram apenas na pesquisa dos proprietários de armas.
E, eles descobriram que o medo do crime por si só não explicava porque algumas pessoas compravam armas.
“Diferentes forças estão fazendo com que as pessoas se sintam ameaçadas de maneiras diferentes e, no entanto, esses diferentes tipos de ameaças se correlacionam com o aumento da posse de arma de fogo e as crenças mais fortes de que as pessoas têm o direito de matar em defesa própria”, disse Wolfgang Stroebe, da Universidade de Groningen, Holanda.
O medo do crime tende a ser relacionado à vitimização do crime passado, dizem os pesquisadores.
Mas, eles descobriram que um sentimento mais geral de ameaças era “mais fortemente influenciado pelas crenças políticas (conservativas) de uma pessoa do que pela experiência passada com a vitimização do crime”.